Brasil e EUA: Duelo Econômico em Meio a Tarifas e Riscos

 Com tarifas de 50% sobre produtos brasileiros prestes a vigorar, Brasil e EUA enfrentam cenários mistos de crescimento, tensão política e impacto nos mercados.

Redação - 12/07/2025 - 11:48

Tensão comercial entre Brasil e EUA marca o cenário econômico atual, com impactos diretos no câmbio e nas exportações. (Imagem: Reprodução)




1. Tarifa de 50% dos EUA sobre exportações brasileiras

Presidentes Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre importações do Brasil — afetando café, suco de laranja, carne bovina e aviões — justificando como retaliação à votação do Supremo contra Jair Bolsonaro. A medida, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, ameaça encarecer alimentos nos EUA e prejudicar indústrias brasileiras como Embraer. O Brasil reage com retaliação e aposta na diplomacia e diversificação de mercados.

2. Impacto imediato na economia brasileira

O real caiu cerca de 3%, pressionando ativos e o Ibovespa.

Exportadores estão sob alerta, mas o impacto global pode ser limitado — os EUA respondem por ~12% das exportações brasileiras, enquanto a China representa ~28%.

Alguns setores — café, suco de laranja, aviação, siderurgia — são os mais vulneráveis.
Brasil busca compensação por meio de negociações com outros parceiros, principalmente em agronegócio.

3. Crescimento desacelera no Brasil

Após um crescimento sólido de 3,4% em 2024 e expansão no 1º trimestre de 2025, projeções para 2025 caem para 2,0–2,5%, refletindo juros altos, menor estímulo fiscal, incerteza global e impacto dos EUA.

Expectativa para 2026 ainda mais modesta: entre 1,2% e 1,7%.

]Selic deve encerrar 2025 entre 12,5% e 13%, só reduzida em 2026.

Inflação segue pressionada, mas dentro de patamares sob controle.

4. Reflexo dos Estados Unidos

A economia norte-americana desacelerou: de +2,9% em 2023 para previsão de cerca de +1,7% em 2025, com recessão técnica em Q1 e possível “soft landing” se estímulos sustentarem demanda interna.

O Fed mantém juros entre 4,25% e 4,5%, postergando cortes; inflação persiste acima de 2%, com risco de subir até 3,5% em 2026.
Bancos dos EUA lucram com a volatilidade provocada pelas tarifas, gerando alta de ~11% nos ganhos de trading no 2º trimestre.

5. Mercados em alerta, mas resilientes

Apesar das tensões, S&P 500 e Nasdaq avançam mais de 20% desde abril, apoiados por otimismo em IA e expectativas de reversão das tarifas.

Analistas destacam sinais de fragilidade: queda em indicadores como renda real, consumo, produção industrial, horas trabalhadas, sugerindo que uma recessão pode estar perto ou já ter começado.

6. Pressão política e resposta estratégica

No Brasil, a disputa política ganha contornos mais acirrados diante da proximidade das eleições de 2026 – e tarifas americanas podem fortalecer narrativa nacionalista.

No âmbito doméstico, o governo Lula revisa gastos públicos após impeachment do IOF e promove política industrial com foco em reindustrialização e sustentabilidade.

Nos EUA, o mix de tarifas seletivas amplia o uso de ferramentas geoeconômicas — unindo interesses políticos e estratégicos em uma lógica protecionista global.


Pontos‑chave em destaque

Tema

Situação atual

Tarifa EUA‑Brasil (50 %)

Risco para exportadores, reação recíproca, real em queda

PIB Brasil 2025

Revisão para média entre 2,0 – 2,5 %, desaceleração em 2026

Selic

Alta (12,5–13 %) para conter inflação, corte somente em 2026

PIB EUA 2025

Queda para 1,7 %, possível recessão técnica

Política comercial

Geoeconomia em evidência: tarifas como instrumento político e estratégico


Conclusão

A economia global vive um momento de tensão estratégica entre Brasil e EUA, marcado por tarifas elevadas e retaliações, que geram volatilidade cambial e risco para exportadores. O Brasil, embora menos exposto, enfrenta desafio para equilibrar crescimento, inflação e ambiente político. Nos EUA, a desaceleração e o uso contínuo de tarifas indicam uma transição para uma era geoeconômica mais protecionista. Os mercados ainda resistem, mas sinais fundamentais já apontam para riscos crescentes se os choques persistirem.

Fontes: AP News, Reuters, The Financial Times, Washington Post, Barron’s (lista completa disponível mediante consulta).


Postagem Anterior Próxima Postagem